quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Quantos corpos encontramos numa família de 5?

Ao longo do nosso (ainda curto) trajecto como pais, muitas vezes nos questionam acerca da nossa ligação constante aos nossos filhos e que implicações isso causa. Falamos aqui de uma ligação física que tem um carácter permanente. Os nossos filhos nunca estiveram separados dos pais, a não ser em situações muito específicas e durante o mínimo de tempo possível. Os nossos filhos nunca dormiram uma única noite sem nós, pois todos os três (agora com 3;1;1; anos respectivamente) dormem conosco desde que nasceram, no nosso quarto, partilhando conosco a cama sempre que dela necessitam. Os nossos filhos vivem a sua casa e as actividades que lá podem desenvolver da forma mais livre que nos é possível proporcionar-lhes, consoante o que podemos e sabemos fazer, de forma permanente, pois não foram depositados em nenhum infantário/creche/ama/outros.

Posso afirmar com bastante certeza que o bem-estar dos nossos bebés está intimamente ligado à presença constante de uma mãe que não fez outsourcing das suas funções de progenitora e à presença (em todos os minutos que me são possíveis) de um pai. Parece estranho para tanta gente que todos os pedaços de tempo em que estamos juntos (todos os cinco), sejam dedicados a isso mesmo: estarmos juntos os 5, a ser uma família, a fazer coisas juntos, sabendo que ás vezes corre melhor, outras pior. Sabendo que dedicamos totalmente os fins de semana a estarmos todos juntos com os nossos filhos porque a familia tem 48 horas por semana seguidas para estar unida na sua totalidade, chegamos tantas vezes ao final da noite de domingo, pai e mãe olhando-se nos olhos e vendo as suas crias a dormir, exaustos. Exaustos, mas quentes do tempo e do amor que tivémos o privilégio de viver ininterruptamente desde a sexta-feira anterior até àquele momento em que tudo acaba, em que volta o despertador da manhã de segunda-feira a anunciar mais cinco dias de separação.

Hoje em dia isto parece disparatado para tanta gente, o facto de eu (pai) encarar os dias "úteis" em que tenho que trabalhar fora de casa, como dias de separação. Penso-o legitimamente, pois entre cada segunda-feira e sexta-feira, passo o melhor do meu dia a trabalhar para outrém, deixando para trás os que amo, a minha mulher e os meus filhos. E assim será sempre enquanto eles crescerem, deixando-me privado de os acompanhar enquanto eles realmente precisam de mim.

Hoje vivemos demasiado centrados na nossa função profissional, somos condicionados a pensar assim, mas o que sentem os nossos bebés? O que precisam de facto? Nenhuma resposta poderá ser dada para além da seguinte: necessitam da presença constante e do amor incondicional da mãe (que considero claramente essencial por tantos e tantos motivos, principalmente nos primeiros anos de vida) e do pai. Quando nós, mamíferos, nos tornamos pais/progenitores, a nossa função primordial é, acima de qualquer outra, cuidar dos nossos filhos/crias. Ganhar dinheiro (mantendo, no entanto, o seu devido espaço pela estrutura social em que vivemos), torna-se secundário, tal como tudo o resto.

Muitas vezes nos perguntam coisas como: porque não os deixam por umas horas para ir ao cinema, para jantar fora os dois? E os teus hobbies, o ténis, a corrida, o teatro? E a tua carreira? E os teus amigos, as saídas?

Mas hoje eu, pai de 3 bebés que dependem de mim sem reservas, sinto que a vida individual e individualista (como é hoje tão prezada por todos), mesmo de forma segmentada, cada vez menos sentido faz. A minha individualidade já não é só minha. O meu ser, o meu tempo e o meu corpo já não são só meus. Partilho-os com os meus filhos, com a minha mulher, fazendo jus aos votos que proferi quando nos propusémos a formar uma família.

Tenho pena de apenas o poder fazer a tempo parcial... espero pelos fins-de-semana, quando formamos um só corpo familiar. Desejo que um dia isso se torne a realidade permanente.

5 comentários:

  1. Lindo!!!! Nós somos uma família de "só" 4, com um anjo de 4 e uma anjinha de 1 e revi-me neste texto... revendo também o meu esposo e amado pai dos nossos meninos...
    É bom sentir que outros vivem a paternidade da mesma forma, sem ter de se preocupar quando dizem que deveríamos deixa-los de vez em quando para ir ao cinema ou assim... Faz mais de 4 anos que não vamos... porque faz mais de 4 anos que a nossa prioridade é a nossa família, e passar o máximo de tempo juntos.
    Obrigada por esta partilha... Vou sorrir ainda mais quando acordar amanhã para continuar a ter a melhor das ocupações que alguma vez tive: mãe :)

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  2. Mike adorei;) como sabes a nossa família de 3 + 1 agora tornou-se mesmo em 4;) uns dias melhores e outros menos bons, mas tudo a andar em velocidade cruzeiro! Desde que me tornei mamã percebi que nada faz sentido sem o meu piolhito;) conto todos os minutos durante o dia para o poder voltar a ver e a alegria que é quando o vou buscar, enche-me o coração que até parece que vai explodir de felicidade! Infelizmente não podemos usufruir do nosso bebé durante a melhor parte do dia, mas a partir do momento que o vamos buscar é "full-time Mike" e os fins de semana são a melhor parte;))perdemos identidade individual, mas ganhamos muitooooo mais...

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  3. Adorei..
    Como mãe de 3 pimpolhos que hoje têm 6 anos, recém feitos, revejo-me numa vivência, intensidade que só a nossa experiência faz...Viver cada etapa, acompanhar, estar presente, é mt difícil...Mas possível através da dedicação que lhes damos e que todos merecemos..

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  4. Acabei de mostrar ao meu marido este texto lINDO, para ele ver que afinal não sou eu a única a pensar assim. Ser mãe MUDOU me, sinto que vivo p o meu filho. P a felicidade deste pequeno ser. Tenho batalhado p ele não ir p nenhum infantário apesar de acharem que lhe iria fazer mto bem'.... A nossa sociedade precisa mesmo de mudar, abrir os olhos e ver que estamos a perder o melhor. Viver para dar amor a quem precisa. Assim me sentiria realizada :)

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  5. Adorei o post.

    Acredito que especialmente nos primeiros anos de vida a aproximação entre estas "células idênticas que vivem em corpos diferentes" é essencial para a estruturação do novo ser e também para os pais que ao fim ao cabo também vivem uma reestruturação do ser...

    Há quatro anos que vivemos também próximo, próximo da nossa filha :)

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